Não importa se vai ser no início ou no final, mas se você está criando uma fonte em algum momento vai precisar dar um nome para ela. E segundo o experiente designer de tipos Frere-Jones, essa pode ser a parte mais difícil. Em seu artigo “Scrambled Eggs and Serifs”, Frere-Jones faz uma análise histórica sobre o processo de nomenclatura dos tipos, demonstrando que inicialmente havia uma grande relação do nome com o estilo e suas variações. Evidentemente hoje, com o grande número de fontes disponíveis é preciso ser mais criativo e expressivo ao nomear um novo projeto tipográfico.

Brainstorming, pesquisa no Google, dicionário, homenagem aos amigos, neologismo, numerologia… Por onde começar? Fizemos essa pergunta para os designers de tipo que participam do Fórum Especializado BR e descobrimos muitas informações interessantes e curiosas.
Álvaro Franca, que sugeriu o post do Frere-Jones, comentou que já iniciou projetos pelo nome e também recomendou o site http://namecheck.fontdata.com/ onde é possível verificar se já existem fontes com o nome pretendido. Diego Maldonado disse que também já desenhou fontes a partir do nome, como a Pasta Script.
Citando as aulas que teve com Edward Benguiat na School of Visual Arts, Bruno Porto observou que a escolha do nome deve considerar os objetivos da fonte. Por exemplo, uma fonte stencil não deve receber um nome aleatório e sim algo que ajude o usuário a identificá-la durante uma busca, como Army, por exemplo. Crystian Cruz segue a mesma linha e procura escolher um nome que traduza o briefing.
Sobre a relação direta entre o nome e o interesse do público, alguns exemplos curiosos foram citados. Diego Maldonado comentou que a fonte Terrorista, criada por Bernardo Faria e Tony de Marco, foi comprada pelo governo americano. Eduilson Coan citou que a sua fonte Encorpada foi comprada pela Weight Watchers. Em alguns casos, porém, parece que o público não se importa nenhum pouco com o nome da fonte, o que seria uma explicação para os usos mais inusitados da Comic Sans.
Érico Lebedenco observa que o nome pode ser puramente uma estratégia de divulgação. Como exemplo comenta a fonte Hipster, criada por Ale Paul. Segundo Érico, Ale Paul nomeou a fonte já no final do projeto e aproveitou a onda Hipster que estava iniciando. Obviamente, muitas buscas relacionando os termos hipster e fonte foram feitas desde então, e lá estava a Hipster Script nos resultados.

Vale quase tudo na hora de escolher o nome da fonte, mas os especialistas advertem, cuidado com o significado dos termos em outros idiomas. Ou, use isso a seu favor. Já ouviu falar da fonte TheDada? Ou da Brocha? BigGode e Bunda, que não chegaram a ser lançadas, também são nomes “curiosos”.
E então, qual vai ser o nome da sua próxima fonte?