Criar uma fonte display é um trabalho divertido mas complexo, e exige a responsabilidade de um tipógrafo ou designer gráfico de torná-la única e identificável, sem deixar de transmitir a informação e o conceito, como já falamos aqui. Por serem usadas em tamanhos maiores, e terem um compromisso maior com o efeito a ser exprimido, as fontes display costumam ter processos criativos muito mais abertos e até conceituais, por vezes se importando mais com a expressão do que com a legibilidade. A criação pode ser quase toda manual, ou envolver fotografia, desenho, escultura, caligrafia, programação.. são muitas as maneiras de se gerar e trabalhar os tipos.
Na UFSC os alunos de Design devem criar uma fonte display como último projeto da disciplina de Tipografia. O tema é livre e as equipes seguem o método proposto por Fontoura e Hammerschimdt (2011) a partir da revisão de outros métodos de design de tipos.
Os alunos Gabriel Hass, Serge Kabongo e a aluna Gabriela Zanin, criaram a divertida fonte Bite Me, com letras formadas por desenhos de comidas. O grupo buscou inspiração na internet, e procurou por fotos de comidas que pudessem formar as letras. Então Gabriela delimitou os espaços que cada letra ocuparia, para que pudessem ter coesão entre si, depois criou as letras desenhando com a mesa digitalizadora diretamente no Illustrator. Depois de desenhados, as letras e símbolos foram passados para o Typetool e ajustados por Gabriel para então gerar o arquivo de fonte digital.

Já os alunos Diogo Santos e Marta Souza desenharam a fonte Treetype à mão à partir dos formatos de troncos e galhos de árvores, considerando suas formas orgânicas e inusitadas, que “surgem” da adaptação da árvore ao ambiente enquanto ela cresce. Depois vetorizaram e criaram a fonte usando o software TypeTool.

O aluno João Gabriel Oliveira não chegou a desenhar nenhuma letra à mão, sua proposta foi fazer uma fonte que simulasse o efeito de um arquivo de imagem corrompido pelo computador. Primeiro as formas das letras foram desenhadas no Illustrator e salvas em arquivos JPEG. Estes arquivos foram abertos no bloco de notas e tiveram seus códigos alterados, o que corrompeu os arquivos aleatoriamente e gerou o efeito, que foi depois realçado e padronizado no photoshop e vetorizado no Illustrator mais uma vez, antes de ser transformado em fonte no FontForge.

Depois de finalizadas as fontes, os alunos tiveram que criar Type Specimens que mostrassem o alfabeto e transmitissem os conceitos de cada fonte digital gerada.

Muitas fontes display foram desenvolvidas no ano passado, e os processos e os temas variaram muito. Além dos que já apresentamos, houveram fontes decoradas, de gotas d’água e estrelas, a xixi e gosma, e efeitos de sombra e sobreposição.
Neste semestre o projeto continua na disciplina de Tipografia e outros alunos criarão mais fontes interessantes. Fique ligado!

Referências
- BUGGY, Leonardo Araújo da Costa.O MECOTipo: método de ensino de desenhocoletivo de caracteres tipográficos. Recife: edição do autor, 2007.
- FONTOURA, Antonio Martiniano e HAMMERSCHMIDT, Christopher. Notas para uma metodologia do design de tipos. In. 5° Congresso Internacional de Design da Informação, 2011, Florianópolis. Disponível em:http://www.academia.edu/4025069/Notas_para_uma_metodologia_do_design_de_tipos. Acesso em: 27 de janeiro de 2014.