Arial?A escolha das fontes tipográficas para compor um projeto é uma das discussões mais frequentes na área de Design Gráfico. Preferências pessoais, popularidade da fonte, legibilidade, conteúdo que será apresentado… que critérios devem ser usados para selecionar as fontes mais adequadas?

O primeiro passo é entender o briefing do projeto. Os autores Fontoura e Fukushima sugerem os seguintes questionamentos:

O que vai ser lido?

São informações breves em um cartaz ou o texto de um jornal?

Por que vai ser lido?

Para se informar, para se divertir, apenas por curiosidade ou para executar uma tarefa?

Quem vai ler?

Quantos anos, qual a escolaridade, os hábitos de leitura, o repertório deste leitor? O que ele está acostumado a ler?

Onde e em que será lido?

No meio impresso? Digital? Que tipo de publicação é?

Quando será lido?

Qual o ambiente? As circunstâncias? Boa iluminação? Em movimento?

Entendendo bem o contexto do projeto será muito mais fácil tomar as decisões durante o processo de escolha da fonte.

A segunda etapa consiste em selecionar as fontes de acordo com alguns critérios como legibilidade, qualidade da fonte, família, expressão e direito de uso.

Legibilidade

A legibilidade está relacionada com o design de tipos, com a clareza dos caracteres e a velocidade com que podem ser reconhecidos. É claro que existe uma relação com o uso da fonte, ou seja, onde será aplicada, a diagramação da página, a organização do texto, que implica em sua leiturabilidade.

É importante considerar também o público e o volume de informação. É possível usar uma fonte de pouca legibilidade em um parágrafo de revista voltada ao público jovem, mas a mesma fonte seria complemente ilegível se aplicada a uma página toda de uma publicação voltada a um público conservador.

Qualidade da Fonte

Atualmente é possível ter acesso a grande número de fontes digitais, pagas ou gratuitas, desenvolvidas por profissionais ou amadores. Portanto é cada vez mais importante testar a fonte antes de optar por ela.

Verificar se a fonte possui todos os acentos e caracteres especiais, se o kerning (ajuste entre pares de letras) é adequado e se as curvas são bem desenhadas é fundamental principalmente se você pretende usar esta fonte em textos mais extensos.

Família

Uma família tipográfica é composta por várias fontes que seguem o mesmo estilo porém com variações de peso, espessura e inclinação. Por exemplo a família Arial, composta pela Arial Black, Arial Narrow, entre outras.

Se você estiver selecionando fontes para um projeto editorial, por exemplo, é fundamental que estas fontes pertençam a famílias completas, que ofereçam as variações necessárias para garantir uma hierarquia harmônica no projeto

Expressão

O conceito de Cálice de Cristal, definido por Beatrice Warde na década de 1930 norteou a Tipografia por muito tempo. Acreditava-se que as fontes deveriam ser neutras, transparentes, não interferindo na interpretação do texto. Porém esta não é mais uma verdade absoluta.

Para alguns projetos é muito importante que a tipografia tenha expressão, ou seja, que expresse a  mensagem por meio do seu desenho, da sua textura e do contexto histórico. É preciso saber equilibrar o uso de fontes mais ou menos expressivas, buscando tornar o projeto interessante para despertar a atenção do leitor e oportunizar uma leitura agradável.

Direito de Uso

A licença de uma fonte digital para um computador não representa um custo elevado, porém se for preciso adquirir várias fontes para serem instaladas em muitos computadores o valor total pode interferir no orçamento de um projeto. Ao selecionar as fontes para um projeto é importante definir junto ao cliente se haverá verba para a compra de fontes ou se você deve usar apenas fontes de sistema ou outras fontes gratuitas.

A importância destes critérios varia de acordo com cada projeto, a legibilidade, a família e o direito de uso podem ser fundamentais quando se escolhe as fontes para uma grande editora e pouco relevantes quando o projeto consiste em um cartaz sobre uma exposição de artes plásticas.

Voltando ao título deste post: com ou sem serifa? Depende, não só da serifa mas de muitos outros fatores.

Bringhurst (se você ainda não leu Elementos do Estilo Tipográfico está perdendo uma grande oportunidade de entender a essência da tipografia) define muito bem a dificuldade de escolher as fontes para um projeto.

Em um mundo repleto de mensagens que ninguém pediu para receber, a tipografia precisa freqüentemente chamar a atenção para si própria para ser lida. Para que ela seja lida, precisa contudo abdicar da mesma atenção que despertou.

Pense nisso sempre que for fazer suas escolhas!

Bons exemplos

Site Fonts In Use
Site Fonts In Use

O site Fonts In Use traz ótimos exemplos de tipografia aplicada a projetos gráficos reais. Você pode fazer a busca pelo tipo de projeto ou pela fonte tipográfica.

Explore o site, analise as fontes no contexto dos projetos e descubra novas possibilidades.

Prepare-se para ser bem mais criterioso na hora de definir as fontes para o seus projetos.

Não esqueça de compartilhar a sua experiência com a gente! 

 

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Referências

BRINGHURST, Robert. Elementos do Estilo Tipográfico. São Paulo: Cosac Naify, 2005.

GRUSZYNSKI, Ana Claudia.  Design Gráfico: do invisível ao ilegível. São Paulo: Rosari, 2008.

FONTOURA, Antônio M. e FUKUSHIMA, Naotake. Vade-mécum de Tipografia. Editora Insight, 2012.

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