A tipografia está presente na UFSC desde o início, pois após 03 anos de fundação da universidade foi criada a Imprensa Universitária com o objetivo de “executar todos os serviços de tipografia, impressão e encadernação, bem como editar livros didáticos, técnicos e científicos, teses, trabalhos de pesquisa, além de boletins informativos e publicações de divulgação da Universidade.” Saiba mais sobre a história da IU.

Quase 50 anos depois as máquinas de impressão tipográfica continuam fazendo parte da imprensa, que agora conta também com impressoras offset e digitais. E o que essas “senhoras”, com bem mais de 50 anos (a Linotype mais velha já está com 100) fazem no meio dessas novas tecnologias?

O Mauro César de Souza e o Carlos (Carlinhos) Antônio de Lima contam um pouco dessa história e de sua paixão pela tipografia.

Os dois amigos começaram juntos a carreira de tipógrafo, fazendo um curso profissionalizante no antigo Educandário de Menores no início dos anos 80. Depois disso trabalharam alguns anos em diversas gráficas até ingressarem na UFSC.
O Carlinhos ainda lembra certinho a data da sua nomeação, 10 de março de 1987. Atualmente ele é coordenador da Imprensa Universitária – IU, mas sempre que pode está lá, no meio das caixas de tipos móveis.
No dia-a-dia quem tem a honra de operar, e com maestria, as impressoras tipográficas é o Mauro. Com a maior agilidade e precisão ele separa rapidamente os tipos móveis, organiza no componedor, prepara a bandolera (forma) e voilà… mais uma chapa tipográfica pronta.


Claro que o número de fontes disponível é infinitamente menor do que se tem em qualquer computador hoje em dia. Algumas variações da Arial, Times New Roman, Bodoni, Impact, Universit e uma Script, em corpos que vão do 06 ao 72. Além é claro de vários fios e alguns clichês. Mas o Mauro não reclama não e consegue fazer muita coisa com essas “poucas” opções. Só sente falta da @, um caractere pouco presente nas fontes de antigamente.
A demanda atual da tipografia é a produção de material gráfico para o Hospital Universitário como fichas de cadastro, receituários, cartões de consulta, etc. E também materiais como pastas e crachás usados nos Departamentos de Ensino da UFSC.
Infelizmente não existe uma produção mais artística ou conceitual, como o trabalho feito, por exemplo, na Oficina Tipográfica em São Paulo ou pelo saudoso Cleber Teixeira da Editora Noa Noa aqui em Floripa. Mas quem sabe um dia…
O Carlinhos defende a ideia e pretende futuramente oferecer cursos para os alunos e para a comunidade em geral, principalmente jovens aprendizes. Ele acredita que o conhecimento sobre Tipografia é fundamental para a formação de qualquer profissional ligado as Artes Gráficas. E tem toda razão.
O contato com essa parte da história da indústria gráfica com certeza é fundamental para que futuros profissionais – designers, impressores ou tipógrafos – entendam melhor a trajetória deste mercado e as tecnologias atuais. Além é claro de aprender a valorizar pessoas como o Mauro e o Carlinhos, que tratam com muito respeito e dedicação a profissão que escolheram.
Muito legal! E como é o acesso dos alunos a essa oficina?
Oi, Wagner
Por enquanto os alunos apenas fazem visitas técnicas a imprensa universitária. Mas quem sabe um dia teremos oficinas abertas acontecendo por lá.
Parabéns pela matéria! Penso que tão importante quanto mostrar os mais recentes avanços técnicos seja de fundamental importancia trazer a público estes equipamentos e técnicas básicas que originaram os avanços e, sobretudo, divulgar a existência (na UFSC, mas não só nela) desses profissionais que, a despeito do primarismo técnico dos equipamentos, as utilizam para gerar verdadeiras obras-primas gráficas.